É com um misto de sentimentos entre o dever cumprido e a maior das decepções alcançadas que venho ao querido blog dar feed back da participação da equipa do IN HOC SIGNO VINCES ! na disputa da Taça Inter Troféus realizada ontem, 27 de Janeiro de 2007 no kartódromo de Baltar.
Começarei por referir que a deslocação de Lisboa se processou tranquilamente mas com um alarmante sinal no computador de bordo do automóvel relativo à temperatura exterior. O ponteiro indicava persistentemente os 0 ( zero !) graus !!! Nada que a determinação da equipa não visse como um apport para o alcance do desiderato que estabeleceramos - ficar na 1ª metade do pelotão !
A tarefa de nos equiparmos foi, desde logo, titânica pois a operação tinha lugar nos balneários os quais, de verão, devem ser muito agradáveis pelas correntes de ar que proporcionam mas que num inverno gélido, fazem com que os incautos comecem por adquirir uma côr arroxeada, as mãos a aproximarem-se perigosamente da situação de out of control, os dentes de cima a baterem fortemente contra os de baixo, e todos os restantes elementos constituintes do corpo humano a assumirem uma forma e dimensão anormal por efeito do frio ! Eram as leis da física a funcionar !
Foi por demais evidente que chorámos por não ter trazido umas ceroulas para pôr por baixo do fato mas optámos por manter a roupa de civil por cima da qual lá nos equipámos !!
Isto foi apenas o princípio.
Os restantes participantes começaram a chegar em boa cadência e as figuras altamente profissionais alertávam-nos e intimidávam-nos para uma verdadeira chaçina !
Eles eram computadores ,
Eles eram painéis de informação para dentro da pista,
Eles eram transmissores por tudo quanto era orelhas ,
E nós ? Batíamos o dente e tentávamos desvalorizar todo esse aparato com o nosso displiscente sorriso como quem diz : na pista é que vocês vão ver o que é andar mesmo sem tecnologia !!!
O programa era farto de provas .
Feitas as selecções dos participantes das respectivas mangas, deu-se início à contenda com apenas 1 hora de atraso. Nada mau ! Somos portugueses e o atraso é algo que nos vai no sangue. Sermos desejados é um desígnio nacional e isso só se alcança com um respeitável atraso. É muito bem....
O nosso primeiro representante foi o Rui Mealha.
Estava muito nervoso e era indisfarçável.
Começaram os treinos e coube-lhe arrancar cá de traz. Era um bom sinal pois não se aperceberia das ultrapassagens dos outros caso não acompanhasse o ritmo. Já lá estava.
Cedo se começou a verificar que os outros pilotos dominavam em absoluto os karts mas, essencialmente a pista.
O Rui lutou com o tipo que o antecedia e chegou a pensar-se que a coisa poderia dar para salvar a onça. De um momento para o outro começou a perder terreno e foi nítido que desistiu da luta.
O comité de crise, na assistência, dissecou o espectáculo e concluiu que era a estratégia do Rui.
Iria acabar o resto do treino no reconhecimento das melhores trajectórias, pontos de travagem, etc. e na corrida propriamente dita ele aí estaria no seu habitual estilo ganhador a discutir as posições cimeiras.
Apagam-se os semáforos e começa o flagelo !
Não havia hipóteses ! Pensávamos que o Rui ia tolhido de frio e isso não lhe facilitava a vida.
Estávamos no Porto e apetecia dizer : CARAGO !
Chegou em último, esforçado mas desmoralizado, e apercebemo-nos que afinal o problema residia fundamentalmente no bólido !
Era uma merda aquele nrº 8 !
Seguiu-se o Luis Moura.
Estilo inconfundível, cabeça algo metida pelos ombros adentro, arranca para os treinos.
Posicionou-se estrategicamente bem cá atraz para observar os outros. Deixou-se ficar por lá demasiado tempo mas foi colhendo ensinamentos dos que o precediam.
Apagados os semáforos, ala-que-se-faz-tarde !
A temperatura rondava os 2,5º / 3º centígrados !
Pessoalmente pensei que estava a adoptar a táctica usada pelo Carlos Mamede nas corridas dele e que consistia em pôr-se na cauda do pelotão para a meio da corrida encetar um vigoro ataque e aparecer de surpresa lá dos confins e como quem não quer a coisa, pimba, cortava a meta à frente.
Embora numa honrosa posição traseira, e com todo o espaço à sua frente livre para dar largas à sua expertise, a verdade é que não conseguiu superar uma contrariedade inultrapassável que se traduziu no facto de
aquele kart nrº 13 ser uma verdadeira merda !
E eis que chega um dos momentos mais apetecíveis pelo grupo no sentido de colocarmos bem lá na frente um representante do grupo que em português se intitula COM ESTE SINAL VENCERÁS !
Era a vez do Filipe Neves.
O primeiro sinal foi favorável uma vez que arranca para os treinos bem no primeiro quarto do pelotão . Isso permitiu-lhe um contacto directo com os homens da frente o que não foi displiscente !
O rapaz estava a aguentar-se ! Começava a justificar o porquê do grupo apostar nele para ser o próximo campeão do campeonato onde anda inserido !
Adaptou-se bem ao kart embora o reverso da medalha não ajudasse muito. De facto
aquele bólido nrº 11 não desmerecia dos antecedentes -
era uma merda !
Pelos regulamentos do evento, coube a 4ª manga ao António Matos que, por representar o 1º classificado do seu campeonato, teve a companhia do 6º classificado que era o Luis Soares de Melo.
O António sentiu-se um privilegiado pois iria ter um parceiro cujo entrosamento kartista seria uma mais valia nas prestações mútuas.
Começaram os treinos e cedo notou ( o António, eu ) que o esforço para conduzir o kart atribuído era demasiado grande para se fazer uma prova aceitável ( o conceito de prova aceitável, naquela altura, estava com uma cotação muito baixa ) . Se bem que não em catadupa, as ultrapassagens que me faziam eram paulatinamente conseguidas e eu começava a ver um pelotão demasiado grande à minha frente. Concluí inteligentemente que estava em último !!
Grelha de partida pronta, gaz na tábua e lá vem a 1ª direita! Curva manhosa no início de corrida com 22 marmanjos a atacá-la ao mesmo tempo !
Com espírito tão competitivo quanto me era possível, optei por aproveitar mais o demérito dos outros do que propriamente o meu mérito e tirar os devidos dividendos das calinadas alheias.
E foi assim que na tal 1ª curva, fruto duma trajectória isenta de erros, ultrapasso 3 fugosos parceiros. Mais uns metros e uma 2ª curva permitiu-me subir mais 3 pontos e nessa altura, subindo para a recta de acesso ao padock, vi a oportunidade da corrida. O amontoado era mais que muito e aquilo podia dar carambola séria que, a acontecer, era preciso estar perto para "furar". Bem dito bem feito, eis que os tipos se encaldeiraram ! Havia karts a seguirem trajectórias absolutamente perpendiculares ao sentido da pista ( leia-se "couves" ) para a esquerda, outros para a direita outros ainda a tentarem desesperadamente manter-se nos trilhos e eu, qual elefante de nenúfar em nenúfar, a passar mais ou menos incólume e a instalar-me numa posição que me soltou o primeiro berro de dentro do capacete - porra que estou bem na frente !!!
A surpresa veio de imediato e a vingança serviu-se fria. A trajectória de uma daquelas aves malucas que andava a a tentar descobrir a pista varrendo-a de um lado a outro num total desgoverno de condução acertou-me em cheio nos quartos traseiros ( do kart, note-se ) e lá vou eu tipo libelinha fazer companhia aos que se encontravam em plena pastagem !!!
A diplomacia e a minha própria segurança impôs-me que deixasse passar todos os atrasados e assim tivesse ficado distanciado uns bons 50 metros do gaijo da minha frente. Ali acabou o sonho mas fui atraz deles como um cão ! Aconteceu que não consegui ser um galgo mas um pequeníssimo rafeiro sem tamanho de pata para me chegar !
Claro que aquele kart nrº 9 era uma boa merda !
Quanto ao Luis Soares de Melo, apercebo-me, por ele próprio, que tinha sido o ocasionador da tal carambola . Foi chamado ao "provedor do piloto" e ficou com as orelhas a arder.
Julgo que
o kart dele é que foi o culpado pois
era uma boa merda !
Alexandre Valle ao seu lugar !
Enchouriçado como nunca o tinha visto tal era a quantidade de roupa que tinha por baixo do fato, lá se fêz à pista com aquela soberba condução de profissional e à qual eu prestei muita atenção para ver se aprendo alguma coisa, e integrou-se muito bem num pelotão intermédio.
Levou umas bordoadas durante a prova mas, estou certo, ficaria na história desta Taça Inter Troféus não fora o
kart ser uma verdadeira merda !
Eliminatória após eliminatória e muito prejudicados quer pela merda dos karts quer pelo frio que se fazia sentir ( nós, os de Lisboa, sofremos mais que os tripeiros, claro ! ) , conseguimos colocar-nos na 15ª posição final superando magistralmente as outras 3 equipas que nos secundaram para que percebam que estas coisas das corridas não é para qualquer um !!!
Duas palavras finais.
Uma para reconhecer a prelecção do "provedor do piloto" que, não fora o habitual complexo de inferioridade do homem do norte face ao lisboeta ( fomos apelidados de mouros, de gaijos que só andam em karts de ferro quando os dele são em fibra, etc. etc. etc. ) , e teria sido convincente e a traduzir saber ;
Outra bem mais importante, a montagem da sala VIP do IN HOC SIGNO VINCES ! na zona nobre do padock onde foram servidas iguarias dignas de registo conficcionadas pela anfitriã Tereza e que, além do mais, foi um espaço super agradável e aí sim, cheio de tecnologia ( TV, pára-sol, GPS, aquecimento central e até máquina de café !!!
Regresso a Lisboa em avião com motores Mercedes-Benz onde um confortável banho a 50º estava preparado para retempero de forças e eis que aqui estou a dar à juventude IN HOC SIGNO VINC
IANA o testemunho deste dia ....... para esquecer !