Na sua génese, este blog deveu-se antes de mais ao gozo que a escrita produz no seu autor e depois, na necessidade de arranjar um "ponto de encontro" a um conjunto de amigos que se deliciam com as andanças pelo karting.
Num passado recente, o autor deambulou por uma experiência profissional no âmbito da restauração e aí, desenvolveu algumas iniciativas do foro kartista com intuitos filantrópicos. Foram, diga-se em abono da verdade, uns verdadeiros sucessos. Alguns elementos do actual grupo
IN HOC SIGNO VINCES ! foram disso testemunhas por terem participados nesses eventos.
Mas essa experiência no mundo da restauração teve outros ingredientes assaz curiosos e apaixonantes entre os quais destaco a área dos Editoriais.
Esses editoriais surgem numa mera acção de marketing do restaurante na tentativa de fidelizar toda uma clientela que se pautava por um certo elitismo embora o nível de iliteracia fosse, muitas das vezes, chocante.
Fêz história essa coluna diária baseada que era na vida do dia a dia.
O tempo passou, e esse atrevimento da minha parte na arte da degustação teve o seu fim.
Ficaram os editoriais e com eles todo um conjunto de temas tratados uns, com brejeirice, outros com muito sarcasmo mas ainda assim, descontextualizados do tempo, a merecerem uma revisão.
Foi com este sentimento que me propus agora reeditar alguns desses editoriais.
Na madrugada de 05 de Junho de 2002 , escrevi :Estou a escrever este Editorial ainda antes do embate E.U.A. - PORTUGAL, em futebol a contar para o campeonato do mundo na Coreia.
O país está literalmente suspenso desse evento e não deixa de ser curiosa a maneira como se pronunciam os opinions-makers àcerca das perspectivas que tal embate proporciona.
Se, por um lado, nos enchemos de gabarolice ao ponto de considerarmos serem favas contadas esta nossa passagem por este campeonato, logo a seguir vem quem diz que afinal o melhor é uma certa contenção nas emoções e melhor será prever que o adversário é uma equipa muito bem posicionada do ponto de vista táctico. Mas, claro, os E.U.A. são novos em futebol e essa boa táctica é desfavorecida pela má capacidade de evolução no terreno.
Portugal tem o melhor jogador do mundo mas, cuidado ! esteve a tratar longamente de uma lesão e pode complicar-se durante o jogo. É o fado português!
Manuel Alegre, treinador / orientador de bancada ( como 9.999.999, esclareça-se – eu não entro na estatística ) lá foi dizendo em programa televisivo alusivo ao caso que nada de deitar foguetes antes do tempo mas que nos preparemos para ovacionar a equipa mesmo que saia derrotada pois o seu esforço e entrega são notáveis!
Não posso estar em maior desacordo com estes facilitismos por, a meu ver, traduzirem um nacionalismo serôdio que protege e antecipadamente predispõe para a desculpa àqueles que têm a obrigação de tudo fazerem para dignificarem a confiança de quem neles confiou e, além disso, justificarem as obscenas verbas que auferem. E ganharem !
O médico que acertou com o bisturi ligeiramente ao lado do sítio certo e mata o doente, tem um processo em cima que lhe pode ser movido por quem achar ter sido um acto de incompetência; o comandante do avião, ao falhar, o mínimo que lhe pode acontecer é estatelar-se cá em baixo com mais uns 200 ou 300 e não ter tempo para contar o que se passou; o corredor de fórmula 1, embora muito contribua para a qualidade de vida do automobilista do dia-a-dia, se falhar, ou morre ou fica todo torcido e acaba-se-lhe o vício.
Então ao jogador de futebol profissional, convocado, idolatrado, não se lhe exige que ganhe?
Para mim isto é um axioma! Têm que ganhar ! Se perderem, têm que começar a largar os prémios auferidos e desde logo aqueles epítetos ridículos de melhor do mundo! Nunca ouvi chamar isso aos prémio Nobel !! Kaspité !!
Força selecção!