quinta-feira, junho 28, 2007

Quanto mais desenvolvido está um país e, consequentemente a sua população, mais motivos de interesse aparecem no dia-a-dia que incitam as gentes à descoberta de novas sensibilidades, de novas culturas, de novos interesses, de novas experiências e de novas vivências.
Portugal de um modo geral, e Lisboa muito em particular, pecam por serem demasiado previsíveis daí que se esboroem as possibilidades de nos engrandecermos moral e psicologicamente de modo a transmitirmos um legado digno desse nome.
Buçalmente vão aparecendo pequenos furúnculos que nos dão trabalho a espremer mas que depois de o serem conseguem manter o carnicão que os infecta pouco tempo depois, altura em que voltamos a repetir a operação e assim sucessivamente. A dilaceração, porém, essa fica para não nos esquecermos deles.
Eles são os Alberto Joões, os majores Valentinos, e, na sua versão mais contemporânea, os Berardos, comendadores de comenda desconhecida mas comendadores !
De qualquer forma, o duvidoso negócio de arte contemporânea no museu Berardo ( ex- CCB ) vai movimentar ( já movimentou durante 24 horas consecutivas !! ) uma enormidade de pategos que de arte saberão tanto como os bois quando olham para um palácio isto é, rigorosamente nada ! Ou alguém acredita que agora, plim!, todos ficaram a saber de arte com o estalar dos dedos do marchand ?
E tudo isto se passa no país onde uma percentagem enormíssima de concidadãos escrevem "à" quando deveriam escrever "", onde dizem "supônhamos" em vez de "suponhamos", onde dizem "vende-se casas" em vez de "vendem-se casas", que não sabem dividir 0,473 por 37,58433 que não sabem achar uma raiz quadrada, mas que vão tendo direito a fotografias na imprensa côr-de-rosa onde vendem aqueles ares estupidamente fraudulentos e feios.
É no reino desta imprevisibilidade doentia e deste doce far niente cultural que se destaca o evento que passou pela outra catedral, a do Porto - Serralves - onde pontuou a exposição temática: O Olho do Cú.
Quando tive a visão, ao nível da retina, daquele olho, comecei por pensar no fotógrafo e no fotografado, nos ensaios, nas luzes, em olheiras, em noites mal passadas, em ataques intestinais de levarem às lágrimas qualquer olho exposto e, instintivamente, encolhi-me e pensei naqueles momentos de pavor e vergonha aquando dos miseráveis toques rectais principalmente quando feitos por médicas jovens que fazem gala em perder os anéis cá dentro para depois andarem a procurá-los à ganância como quem rapa o tacho dos bolos !!!!!
Pelas fotos que podem ser consultadas na net e que me criam aversão em reproduzir, não me parece apelativa uma visita a um qualquer centro cultural com a família toda de mão dada com as crianças a tecerem comentários jucosos mal descubram o verdadeiro significado da tela. Contudo, gostos não se discutem e a liberdade de expressão deve ser garantida. Por isso retratamos um olho que do cú apenas herdou a mosca.





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