Não sei se esta minha intervenção entra declaradamente por águas turbulentas e cria mau estar na comunicação social ao nível de editorialistas mas a verdade é que, ao abrigo da liberdade de expressão, não deixarei de questionar a seriedade das críticas ao programa da TV holandesa àcerca da doação de orgãos humanos através de programas tipo big brother.
Diz o editorial do DN que um programa que use os sentimentos de quem está à beira da morte e os ponha ao serviço do voyeurismo das audiências será sempre abjecto. Eu comentarei que quem quer que use esta terminologia é, de facto, abjecto.
Como pode um jornal proferir este tipo de acusação quando essa é a via usada no dia-a-dia por toda a imprensa quando se trata da morte e da proximidade que as pessoas têm dela ?
Mas haverá dúvidas quanto ao voyeurismo das mortes aquando da queda da ponte de Entre-os-Rios ?
A exploração levada à exaustão do atentado contra as Torres Gémeas e suas consequências e ligações à morte não é voyeurismo ?
E do mais execrável ?
As imagens de restos humanos provenientes da dilaceração dum corpo por lhe rebentar uma granada em cima não constam do cardápio das noções de voyeurismo ?
O desaparecimento duma criança que configura uma morte sem corpo e que é explorada até ao nojo não é voyeurismo ?
Sejamos honestos !
Tenho alguma repugnância pelo formato televisivo big brother, e os exemplares que passaram em Portugal são, de facto, o que de mais estupidificante posso conceber quando uma pessoa sem capacidade crítica ( crianças, por exemplo ) é posta perante a curiosidade de imagens que espicaçam o interesse pelo mórbido ou pelo fruto proibido. Mas daí a vir a imprensa e arvorar-se em defensora do pudor e dos bons costumes, apetece-me dizer-lhe : vá à merda !
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