Há dias onde uma curta 1/2 hora transforma o marasmo do domingueiro fare niente numa experiência memorável mesmo que embuída numa doce utopia e ainda que eivada dum pragmatismo avassalador por inerência duma vivência esclarecida de dádiva ao sofrimento alheio.
Têm sido para mim, ao longo dos tempos, uma referência intelectual, as opiniões que Fernando Nobre tece a propósito da sua visão do evoluir do mundo, tendo como ponto de partida as suas deambulações pelos conturbados conflitos mundiais em prol do apoio médico humanitário aos desafortunados.
Percebe-se a sua angústia mas também a sua preocupação pela cada vez mais precária segurança enquanto ocidental sempre que o dever o leva para zonas como o Iraque, a Somália ou a Eritreia ( entre outros 70 destinos ) .
A utopia tem sido cantada por grandes poetas e, entre nós, Zeca Afonso pode ser um dos nossos trovadores. Porém, e como de utopia se fala, a dificuldade em converter em realidade o sonho do poeta, pode e deve mobilizar-nos no sentido da mudança do paradigma societário se quisermos preparar o terrenos para que os nosos netos ou bisnetos fruam dum mundo melhor.
Não nos convençamos que a tarefa é algo que devemos exigir apenas aos governos pois desse ponto de vista é inatingível. Teremos que ser nós próprios em acções de âmbito global a desenvolver esforços que possam sustentar um mundo melhor.
É por isto que sugiro a leitura do agora apresentado livro Grito Contra a Indiferença cuja apresentação acaba de ocupar uma entrevista extremamente bem desenvolvida pela jornalista Ana Lourenço.
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