quarta-feira, junho 06, 2007


A amálgama de Celtas, Godos e Visigodos que outrora povoaram o actual território luso deu, entre outros, esta raça incaracterística que dá pelo nome de portugueses.
É, de facto, curioso, podermos olhar para um árabe e não nos restarem muitas dúvidas quanto às suas origens como o não é se se tratar de um italiano, um inglês, um alemão, etc.
A par dos caracteres fisiológicos, associam-se-lhes os de ordem psicológica também marcadamente diferenciadores mas não tanto cá nas gentes do nosso bairro.
Por cá temos louros, morenos, ruivos, altos, baixos, olho azul, castanho ou esverdeado, muita gente linda e outra tanta horrorosa, o que já de si dificulta o retrato robot da nossa sub-espécie atendendo a que nenhuma dessas características é dominante.
Mas o que mais me fascina ( pelo menos no âmbito deste post ) são os sinais evidentes dum povo com alma de cão, triste, acabrunhado, invejoso, que aceita passiva e cobardemente a grande parte das malvadezas a que é submetido mas que, perante uma câmara de televisão, e com o incentivo da populaça, arregaça as mangas e dá de si a figura mais buçal, mais arruaceira, mais descomposta e mais incrédula que se possa imaginar.
"O entulho das desvantagens e dos sobejos! Portugal inteiro há-de abrir os olhos um dia - se é que a cegueira não é incurável e então gritará comigo, a meu lado, a necessidade que Portugal tem de ser qualquer coisa de asseado!" (José de Almada Negreiros).
Por outro lado somos conhecidos pela capacidade de fazermos humor negro perante as agruras da vida o que se opõe, de certa maneira, ao atraz dito e complica toda a trama que tento aqui arranjar.
Veja-se a piada do ex ministro Borrego com a alusão ao alumínio no departamento de hemodiálise do hospital de Évora o que, em círculos restrictos seria de nos agarrarmos à barriga à gargalhada ( porque nada tem de injurioso para com as pessoas ) mas que num contexto político foi o ideal para o seu imediato saneamento ;
Vejam-se as brejeirices do dr Alberto João na Madeira que apenas merecem o gáudio de quem o ouve pois dá direito a bons momentos televisivos e ninguém perde pitada se fôr pré anunciado ! ;
Vejam-se os programas tipo Eixo do Mal que não incendeiam as almas ;
Enfim, anotemos todos esses casos e vejamos agora o celebérrimo jamais, jamais ( digam isto em francês ) e os espaços televisivos preenchidos com entrevistas a sopeiras da margem sul e atentemos aos vitupérios.
Sentimo-nos ofendidas, vilipendiadas, abusadas, e exigimos que o ministro venha aqui pedir desculpas, dizem as serviçais ( deve-se ler isto com a mão esquerda na anca e a direita com o punho cerrado e o indicador em riste agitando-o freneticamente, e com o peito espetado para a frente ) .
É certo que no circo político restricto ( calculo o gozo que os gaijos - políticos - devem ter quando uns com os outros comentam o caso : oh Lino, com que então aquilo é só deserto, hem ? Vais levar poucas nessa môna ! ) a coisa poderia acabar em demissão do ministro que até se farta de anedotar com outros hilariantes assuntos ( cursos académicos, por exemplo ) mas que o caso é de lana caprina e só interessa à telenovela politiqueira, lá isso é verdade.
Claro que para lhes dar mais frisson, há sempre alguns jornalistas que, arvorando-se em educadores das massas ( onde é que eu já ouvi isto ? ) , referem estes episódios como crimes de lesa-pátria o que faz com que o folhetim perdure.
Entretanto o tempo vai passando, o povo vai-se rindo não sabe bem de quê, as férias aproximam-se galopantemente, a malta desmobiliza tás-a-ver-oh-camandro-e-mais-isto-e- mais-aquilo-e-a-gente-a-lerpar-o-Nani-foi-ganhar-uns-milhõezitos-tá-bem-o-puto-merece-bué-a-vida-tá-difícil-mas-como-é-por-uma-boa-causa-tudo-bem-mano, e eu remato : está tudo bêbado ?

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